Um
brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela
segunda vez o ponto culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o
reforço de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda,
dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda.
Aqui do meu canto, fico meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se
superarem. Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis provar mais,
fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser
humano bem sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se
cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado no chão, sem
tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras,
comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como os
trogloditas se é que os trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido
a heróis que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em
si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda
planície da segurança.
Mas o que há de lamentável na aventura de Vítor Negrete é a
aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os
riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio
suplementar. Mas seu exemplo e seu sacrifício é uma lição de luta, mesmo sendo
uma luta perdida.